23 de out. de 2014

Cisma

Será que alguém sabe por quê -não é sempre, mas às vezes- a gente cisma justamente com quem não quer nada conosco?
Com quem sequer sabe da nossa existência, nos considera ou olha pra nós?
E por quê é exatamente essa pessoa que escolhemos para nos iludir diante da possibilidade de ter 0,0001 % de chance de com ela dividir alguma coisa e viver uma história?
E sendo insanamente otimista, forçando todas as barras possíveis, quando a fatídica chance se dá, ainda existe um verdadeiro mar de diferenças entre ambos a ser quase impossivelmente superado, um abismo de distância, e até numerosas outras pessoas mais afins.
São obstáculos e mais obstáculos, são meios, comportamentos, condições, circunstâncias, idades... e ainda assim, será essa pessoa que nos fará perder o sono, a fome e o ar, ao mesmo tempo que sonhar, desejar e suspirar.
É pirraça de coração infantil, que grita alto e se impõe pelo desnorteio à razão.
Um capricho tolo com gosto de prazer.
Segue-se crendo que o impossível só o é porquê nunca se tentou, que se pode tudo fazer acontecer se o coração trouxer a vontade.
Dizem até que se prefere o impossível porquê lá a concorrência é menor...
Se fosse maduro o suficiente, perceberia a dor adiante, bem antes de nela chegar, evitando-a.
Decidiria que maior vantagem seria levar um fora com todas as letras, de vez. Ou qualquer outro motivo consistente e convincente que servisse de desanimador e até repulsor.
Mas não. Alimenta-se o fogo da fantasia.
No fundo, a única ilusão é crer que pode doer menos a esperança diante da loucura, que o desesperador resultado da realidade...
É o que nos faz sobreviver com um sorriso nos lábios, ainda que inseguros.
Porque a ilusão é sempre doce de início.
Tão doce que a gente esquece o inevitável tragar amargo dos fins.

4 comentários:

  1. Sabe, tenho pra mim que, se fôssemos começar as coisas pensando no final delas, é mais fácil deixar no mundo dos sonhos. Aproveite as chances que a vida te dá de começar, é sempre bom :)
    Beijos rimados pra você :*

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  2. É, Vivian... O problema é que depois de tantas, fica difícil não começar a se antecipar aos fatos, a não fazer previsões... Por não ser mais de todo menino, o homem que vez ou outra dá as caras, finca os pés no chão com o que tem em mãos.
    Mas não sou mesmo um pessimista. Tanto que tento e tento e tento...rs
    Beijo grande, Vivian.

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  3. Eu entendo bem isso... Aquela pessoa que aos nossos olhos é perfeita, com todas as qualidades que apreciamos. Colocamos seu eu em pinturas imaginárias, platônicas... Observar uma foto dá até um ar de melancolia. A pessoa chega a quase parecer intocável, só não é porque a queremos intensamente. E você pode se lembrar dela por anos, até alguma coisa acontecer e ela descer um degrau em nossa visão.

    Bom, não sei se é isso que você sente, Flávio, mas é o que o texto me fez pensar e lembrar, porque eu já me senti um pouco assim. Boa sorte!... Viva o que tiver que viver, entre nos jogos que tiver que jogar, espere o tempo. Faça tudo, porque depois é terrível a sensação de arrependimento pelo que não fez.

    Mil beijos, uma boa terça-feira.
    Feliz Natal adiantado.

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    1. Sim, Gláucia... concordo! E acho que isso é coisa de gente romântica, que sonha demais...e que está no mundo errado...rsrsrs
      Beijo grande e obrigado pela visita.
      E feliz Natal adiantado pra você também... mas espero passa lá no seu cantinho e deixar um recado especial até lá.

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