2 de fev. de 2011

É Preciso Parar para Entender...

Percebi que por vezes temos mais facilidade em lidar -e aceitar- as dificuldades de pessoas 'estranhas' do que as das que nos cercam, em nosso convívio constante e próximo. Parece difícil entender que aqueles que não percebemos envelhecer ou que perderam sua saúde aos poucos, não o fizeram porquê queriam...
Fora que aos próximos, nem sempre será possível nos permitir momentos de alívio e refazimento...
Difícil mesmo é abrir mão de mínima parcela da própria vida, ceder ouvidos, olhos, pernas, braços e atenção a quem não tem a mais mesma independência de antes. A quem hoje nos exige mais esforço e dedicação.
Como? Se até ontem entendia tudo? Se tudo podia fazer? Se era lúcido?
Acredite, não é pessoal... Mas muitos levam pra esse lado por ignorância e falta de reflexão. Se ofendem com reclamações, se irritam com alertas repetitivos, se magoam com esquecimentos.
São apenas as mesmas pessoas queridas de antes, mas atravessando uma fase difícil, que certamente nem elas gostariam de atravessar. Vai muito além de suas vontades. Está muito acima de quererem ser apenas 'irritantes' ou de estarem fazendo 'corpo mole'...
E se hoje somos fortes, saudáveis e servidos de total lucidez, não podemos prever o mesmo no amanhã... Existem coisas que vão além da nossa capacidade de entender a vida. É bom sempre encarar esse fato.
E justamente por isso não estamos livres da nossa responsabilidade para com eles.
No mínimo -num amanhã infeliz e semelhante- como gostaríamos de sermos tratados?
Rispida e intolerantemente ou com o devido respeito, amor e paciência?
Velhos ou não, enfermos temporariamente ou sem previsão de melhora, são de nossa responsabilidade. Se ninguém aceitar dividir essa responsabilidade -para aliviar, não desgastar e ainda não tolher completamente uma vida nessa dificuldade- que aquele mais consciente assuma sozinho toda a tarefa. Plantará só, mas também colherá só. Lembrando que o plantar será todo o trabalho duro e a colheita, o prazer da consciência tranquila, no mínimo.
E quem souber o valor da consciência tranquila, sabe que nada tem valor semelhante.
A imprevisibilidade da vida não dá garantia alguma de liberdade no amanhã, a quem foge das responsabilidades que aparecem à frente dos homens hoje.

2 comentários:

  1. Ha tempos não lia textos tão interessantes...me sinto bem qdo. consigo suprir um vazio com um texto tão gostoso de se ler...
    Obrigada

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  2. Só tenho à agradecer a sua paciência por ler e pela generosidade de encontrar prazer nesses textos.
    Humildemente, muito obrigado!
    Um abraço carinhoso!
    Flávio Pinheiro.

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