17 de set. de 2014

Para o mal do coração




















Primeiro vem a descoberta.
Aquela pessoa, perdida no meio das multidões.
Um detalhe.
Alguma coisa a destaca das demais.
Vem o despertar: que será?
Acontece o encantamento.
Seja por conta da beleza, do charme, do jeito, dos gestos...
Não se sabe nada sobre ela.
Mas basta um olhar trocado -sem intenção dela que seja!- pra ser inundado pelo mar de desejo.
Se não tiver cuidado, tudo acaba aqui.
Mas se conversar, talvez, passe também a gostar.
Se der tempo, o gostar toma conta de tudo.
Dando certo ou errado, se rolar um beijo, a gente acaba apaixonado.
E paixão é uma espécie de maldição.
Que para o tempo, que turva a visão, que fragiliza o coração, que apaga o passado.
De cara vem aquela necessidade vital de ver, de sentir, de ouvir, de estar com a tal pessoa.
A paixão apaga os possíveis defeitos, vela a realidade futura.
Num segundo, você esquece que até há pouco estava infeliz, sem sorte, lamentando a solidão.
Você estava doente, mortalmente ferido, moralmente abalado, desiludido.
Mas quem se lembra?
Arruma-se tempo, dinheiro, humor, disposição...
Superam-se as dificuldades, o antes impossível e até o inaceitável.
Veste-se melhor, emagrece, exercita-se, perfuma-se, sorri.
Afinal, a pessoa acrescenta, chama, completa, te faz crescer.
Todas as promessas sonham ser cumpridas, apesar de ilusão.
Vale todo sacrifício da maturidade, da realidade.
Até que novamente se desperta.
Agora, o sacrifício é o da paixão cega, que deve desaparecer.
E se depois de recobrar a consciência, se continua descobrindo, encantando e desejando...
Algo nasceu em você.
Algo que lhe deu lição nova, de vida.
É porquê o amor lhe curou.

2 comentários:

  1. "E se depois de recobrar a consciência, se continua descobrindo, encantando e desejando...
    Algo nasceu em você."
    Bem dito!!
    Parabéns por mais esse!

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    1. Por sorte só tenho visitantes generosos.
      Obrigado por tudo.
      Abraço grande, Élida.

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