19 de jun. de 2013

Em nome do descaso: a conveniência de viver num mundo paralelo

Impressionado eu fico quando observo pessoas tão próximas vivendo a vida de forma tão distante.
Os problemas, as necessidades, as dificuldades -e tudo mais que sai fora de seu interesse absolutamente pessoal... para elas tudo isso parece passar ao largo, absolutamente em paralelo, tamanho o não-envolvimento -quase um descaso total.
E quando convocados pelas circunstâncias, reclamam, sentem-se cutucados em suas consciências, orgulhosos, como se fossem cobrados desnecessariamente, tentando fazer todos os demais acreditarem que se envolvem mais que suficientemente e que quem cobra não têm capacidade de enxergar.
Fecham a questão à força, só que superficialmente.
Palavras fortes, sentidas, mas que passam longe do coração, da razão, da intenção.
Quando o orgulho se fere, a hemorragia da vaidade não permite rever conceitos, agir com a razão.
E o pior é que não podem nem ouvir qualquer comentário que dessa forma os identifique.
Não admitem que não é possível simplesmente viverem suas vidas como se nada estivesse acontecendo. Acontecimentos, muitos deles, complexos, consideráveis.
Parece que fogem para seus mundos particulares, seus sonhos, na ilusão de que a irresponsabilidade não será deles nunca cobrada.
Por fim, não percebem que as quedas sequenciadas em que são submetidos diuturnamente são também o resultado de ignorarem sempre (e sempre) o compromisso do envolvimento sincero em dificuldades nem um pouco interessantes para seus gostos, tediosas até por sinal.
Fecham os olhos como se nessa atitude o sol pudesse ser ignorado.
...
Até que muito os compreendo, pois que se a própria vida -no arrastamento involuntário e irrevogável- assim não me chamasse à ação da responsabilidade, estaria ainda como eles, vivendo à margem da realidade.
E vai ser assim enquanto não aprendemos a lidar com os compromissos que a vida nos oferece e ao mesmo tempo nos cobra os resultados.

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