22 de fev. de 2013

Um indireta básica... para combater as indiretas

Um comportamento comum e que praticamente todo mundo tem (e acha normal) é tentar atingir alguém por meio de indiretas.
Geralmente a indireta é sempre usada por quem não tem coragem de falar o que pensa a quem acredita que lhe deve ouvir tais "verdades". Ou que quer fazer de conta que a indireta é uma reflexão tão útil que pode servir a "alguém", se jogada no ar, "sem a menor intenção" ou "direção pré-definida", o que é uma esquiva.
As razões? As mais variadas possíveis e tão infinitas quanto a nossa capacidade de imaginar o que o outro pensa e sente quando em silêncio. Talvez agir assim seja o único recurso de quem não tem tanta certeza sobre estar certo ou não do que deseja, tendo realmente razão ou não do ato e se o mesmo é ou não necessário -visto que a maioria de nós raramente tem o hábito de refletir de verdade sobre o que pensa, sente e expõe por aí. Pode-se decidir também pela indireta, por não conseguir encarar o outro e dizer tudo o que sente, já que essa atitude pode forçar uma definição -algo que quase ninguém gosta de ter o poder de fazer, que é assumir a responsabilidade de decidir uma situação, abrindo ou fechando uma porta. Enfim, vai saber...
O certo mesmo é que usar de indiretas é um comportamento imaturo pra dédéu. Principalmente quando o alvo pressente que está sendo atacado e, numa tentativa de esclarecimento, pergunta se as espetadas são pra si. Se a resposta for um direto "sim", qual a razão então das iniciais indiretas? Falta de coragem para dar o primeiro tiro? De ser o responsável pelo início dos possíveis conflitos? A vergonha do risco de não ser percebido? Sinceramente não vejo qual a vantagem de agir assim, mas sempre tem quem veja.
Em geral, a mais clássica resposta é "por que? A carapuça serviu pra você?", forçando um mea culpa do outro lado e trazendo à tona que o dono das indiretas está com a cabeça cheia de questões mal resolvidas, mas sem coragem para dar o primeiro passo. Certamente, uma conversa franca resolveria a questão assim que o monstro da dúvida -ou do incômodo- desse as caras, mas normalmente a gente prefere alimentá-lo. Afinal, a gente gosta de sofrer e quanto mais dúvidas e incômodos melhor. O ônus é que geralmente isso chega a um ponto tal que extingue qualquer chance de reverter a situação.
Dizer também que "não" e continuar fazendo de conta que não há nada a resolver, que está tudo bem ou que é um ser acima desses incômodos, convenhamos que não é postura de alguém tão sincero quanto se proclama. Já que se por fora faz que apresenta cara de paisagem, esquece que através dos olhos deixa perceber-se corroer por dentro em frangalhos. (Ah, os olhos! Sempre os espelhos da alma a quem os observa de fato.)
Mas acho que a resposta mais infantil de todas é a de quem continua a negação mesmo depois do prazer de ter sido percebido: "Não. Minha vida não se resume a você". Essa é a mais encharcada de ressentimento e rancor de todas as réplicas, trazendo de brinde uma tentativa infantil de ferir o outro. Só que também é a mais fuleira de todas as respostas, já que se a vida de alguém não se resume ao "causador de tanta mágoa", qual a razão de dar tanta importância em frisar o fato? Incoerente...
Perceber-se atacado não implica atestamento de culpa como todos gostam de acreditar. Querer que alguém se toque sobre nosso incômodo ou esclareça nossas dúvidas por esse tipo de postura é fugir da solução de um problema da pior maneira possível. Pior até que o silêncio. Pensamos que assim nos livramos da parcela de responsabilidade em questões que dependem de ambas as partes resolverem.
"Só que eu não tenho problemas"- é o que todo mundo diz, sem conseguir assumir o que nos cabe.
É apenas isso mesmo: imaturidade, infantilidade, covardia, frustração, descompromisso, conveniência...
Qual a dificuldade de encarar de frente os problemas e as pessoas que nos incomodam?
Eu sei... A gente não consegue nem se encarar, como pretendemos encarar os outros? Não há como. Então tome indiretas!
...
Esse texto tem uns seis meses já e foi escrito no dia em que decidi parar de seguir meus amigos na rede social da moda. Eu lia tantas indiretas, tantos pensamentos bobos, tantas irreflexões e infantilidades... que cansei. Confesso que algumas vezes, de tão inconformado com o que li, os corrigi. Mas desisti. O pessoal gosta mesmo de compartilhar sem refletir antes, sem analisar se aquilo tem coerência e, quando não, se está apenas expondo seu estado de espírito no momento mais passional.
Aí, tomei a melhor atitude que poderia: me mantive firme na rede e cancelei TODAS as assinaturas. Não sigo e não recebo mais atualização de ninguém faz um bom tempo. Se eu quiser saber de um amigo, visito seu perfil e pronto. Sei que vai ter gente que se souber disso vai se sentir meio frustrado pois sou um a menos na platéia, mas sinceramente garanto que só ganhei desde então.
Outro recurso que faço uso para combater as possíveis indiretas jogadas no ventilador é o silêncio. Não apoio, não curto e só comento em último caso. Assim não há ressonância positiva pois tudo aquilo que quem vive mandando indiretas precisa é de um estímulo pra dar prosseguimento à sua empreitada sentimental equivocada. Aviso: muito menos ainda deve-se entrar numa guerra de indiretas, pois aí sim, é ceder à covardia, fazendo uso dela.
Percebo cada dia mais que um dos grandes prazeres que nós temos é forçar ter razão publicamente, diante de quem nos interessa a proximidade, esperando sermos ovacionados, comentados ou curtidos por isso. E quem tiver mais amigos afins nas nossas "incríveis conclusões" vence a batalha. Se um único alguém apoia nossas indiretas, já nos sentimos menos inseguros e aí mesmo é que acreditamos estar com a razão.
Mas que importa pensar sobre tudo isso? Indiretas são de graça e o público agradece.
Menos eu.

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