12 de dez. de 2011

Um ditador disfarçado de bom-moço

Esse espaço aqui é pessoal. Sempre disse. Na descrição do que isso significa, explico que é onde desabafo minhas angústias, descrevo o que sinto e exercito minhas ideias. Já venci alguns preconceitos aqui e descobri o que preciso fazer para combater outros. Assim sendo, sempre estou errando, me contradizendo, mas também estou ao mesmo tempo tentando corrigir o que saiu de errado, buscando a coerência e pedindo perdão.
Quando me sinto o dono da verdade, esqueço que ela é relativa apenas a mim e às coisas que me cercam. E o despertar disso sempre ocorre, mais cedo ou mais tarde. Às vezes, escrevo com tamanho afinco, imponho tanta força nas palavras que tudo ultrapassa a ideia inicial de esclarecer-me. Vira uma indireta pros que me incomodam de algum jeito. Só faço com o devido cuidado pra parecer que isso "saiu do nada", que não lhes é específico. Isso é sordidez. Só que depois, com a poeira mais baixa, observo que na verdade queria era impor minha ditadura. E mesmo que aparentando questionável suavidade, ditadura é sempre ditadura. É sempre opressão.
Isso aqui era pra ser apenas um rascunho pessoal, mas basta algo não me soar bem lá fora que o bloco de notas se transforma num dedo opressor, num apontador de "erros" alheios. "Erros" porquê não estão a meu favor. E aí, impera a minha inassumida vontade de dominar o verdadeiro leme do meu mundo: as pessoas que me cercam. Falta o meu respeito ao tempo delas, às suas personalidades, aos seus gostos e às suas convicções. A minha incompreensão não justifica a minha agressão. Reclamo tanto que o mundo não compreende , que o mundo agride, que o mundo não tolera... e eu faço isso sempre, e sem perceber ou achar errado. Quer dizer que eu posso, né? Mas o mundo não!...
Mas depois que a guerra é declarada, não dá nem pra dizer que não foi bem o que eu queria dizer, pois que sempre faço questão de ser claro nas pretensiosas descrições do que sinto. E por serem coisas quase sempre de momento, não deveriam sequer sair de mim.
Várias vezes já, me pego correndo atrasado, atrás do meu ímpeto de ser sincero. Porque eu acho que sendo virilmente sincero comigo, não apenas posso como devo ser com todos. E isso resulta no não-respeitar, no não-tolerar, no não-compreender.
Tenho errado muito por esse caminho. E só quando sob risco de perda é que a clareza das ideias se apresenta. (Isso quando já não perdi o que tinha como certo.)
Não posso continuar precisando perder importâncias para ter noção de limite.
Então é o seguinte: a quem eu não posso pedir desculpas pessoalmente, peço aqui. Aqui é fácil fazer isso.
E lá fora, mesmo que a oportunidade não surja pra pedir-lhes, vou tentar construí-la. É um compromisso assumido. Disposição eu tenho.
E outra coisa: garanto que vou aumentar a vigilância pra isso não ocorrer mais. Seja aqui ou lá.
Aqui, porquê sei com precisão cirúrgica que as palavras podem nos tocar tanto que há risco de nos ferir. Depende apenas de qual a intenção as impulsionam. Sejam elas expostas pela escrita fria ou pela voz embargada de emoção.
Acho que pior que ter vergonha de assumir os erros é ser covarde ao fugir dos que foram cometidos. Se tiver que correr atrás de alguém pra provar que estou reconhecendo que errei, eu corro mesmo. Comecei tentado fazer isso tem pouco tempo. E fora que é assim que se vence o orgulho.
Aqui é assim: uma hora estou botando banca de maioral, dono da verdade, crente que sou o cara. Noutra, estou voltando cabisbaixo, com o rabo entre as pernas e dando o braço a torcer. Que seja!

2 comentários:

  1. Olá... Não nos conhecemos, mas saiba: Eu gosto de você, gosto da maneira como "põe" pra fora, da maneira como engole e regurgita, pois é assim que a boa digestão é feita... Um abraço.

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  2. Ordália, é exatamente como você disse.
    Apesar dessas tentativas nem sempre sempre suficientes para eu engolir meu orgulho besta e minha instabilidade.
    Obrigado pela presença, pelo comentário, pela atenção.
    Estou sendo muito sincero em tudo isso.
    Abraço e volte sempre que puder e quiser.
    Prazer em conhecê-la.

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