1 de nov. de 2011

Invasão de Privacidade Mental


Fazia tempo que eu havia deixado de lado minha capacidade de invadir pensamentos. Mas ontem, sem muito o que fazer, encontrei tempo pra saber no que você poderia estar pensando. Mentira: queria saber mesmo que pensamentos você reservava pra mim.
Invadir a mente alheia nunca me fora muito difícil, principalmente das pessoas que me interessavam e instigavam esse exercício. Certamente que muitos dariam tudo para ter esse "poder". Principalmente por tola curiosidade. E é por isso mesmo que sou um dos poucos dotados desta habilidade. Na verdade, sou o único que conheço deter tal faculdade.
Então, dei início ao exercício: concentrei-me nas pouquíssimas informações que eu tinha sobre você. Por incrível que pareça, esse era o primeiro e mais importante passo. Um erro aqui e tudo sairia errado. O resto era muito mais tranquilo conseguir.
Fechei os olhos e lhe imaginei vivendo sob a ótica desses raros dados. Numa das primeiras possíveis situações que lhe apareciam à frente, observei sua decisão e já seu próximo passo. Ajustei minha respiração à sua, o olhar, o modo de olhar, senti seu coração. Novas e simples regulagens vibracionais, até que comecei a pensar precisamente como você. Em poucos minutos, invadia a intimidade do seu pensamento.
Com certo constrangimento, vi de relance alguns reflexos que nem você mesma tinha coragem de encarar. Me surpreendi em outros, mas não lhe condenei, já que eu também tenho um lado oculto de mim. Vi seu passado, momentos esquecidos e reavivados. Não me apeguei a nenhum deles e passei em busca do que realmente me interessava. Ah, se você soubesse que eu estava descobrindo seus segredos... Ah, se eu quisesse mais do que aquilo que vinha buscar... Você jamais me perdoaria!
Encontrar-me em você foi mais fácil do que eu poderia imaginar. Quanto mais se pensa num assunto, mais evidente nos arquivos da mente ele fica. Fui praticamente levado até o que me atraía. Questões magnéticas. (Tudo cientificamente explicável... Mas fica pra próxima.)
Confirmei o que já sabia: eu estava lá. Mas me espantei com o que vi...
Tamanha expectativa era a sua, que modificara minha imagem real. Eu lhe aparecia praticamente perfeito. Se eu não me conhecesse a fisionomia, poderia dizer que eu não era aquela figura. A aparência, sem dúvida, era realmente a minha, mas a personalidade virtuosa estava além das minhas parcas possibilidades. Eu lhe apresentava quase que como um salvador, um divisor de águas. Coisa que eu nunca fui de mim mesmo...
Senti o peso da responsabilidade e, ao mesmo tempo, sabia que de certo modo tinha minha parcela de culpa por aquilo...
Eu sempre brigara hipocritamente para ter a tal imagem da perfeição. E você, por tudo que andava vivendo, passou a acreditar nisso com todas as suas forças.
Parti dali. Deixei seus pensamentos e passei a prever o tamanho da sua decepção, caso nossa aproximação se desse de vez. Agora, estou aqui pensando no que posso fazer pra não magoar seu coração, já tão aflito por outras decepções.

4 comentários:

  1. Eu queria um dia ter este poder de ler mentes, queria saber o que as pessoas pensam de mim, nao que eu mim importe, mais acho que todos querem um dia saber isso, mais penso que iria ser tão sem graca. Imagine se todos nós tivessemos o poder de ler mente, cada um lendo a mente do outro, teriamos que criar uma senha para bloqueia certas pessoas, rsrsrs.
    Mas ta ai um poder que eu queria ter mais nao desejaria pra humanidade nao, seria muito perigoso.
    (vixe misturei tudo)
    Um abraço.



    http://paulosergioembuscadotempoperdido.blogspot.com/

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  2. Seu intrometido!

    Rs

    Os teus escritos têm um ritmo contagiante, Flávio, gosto muito.

    Beijo.

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