12 de nov. de 2011

Chato: ser ou não ser?

Tenho muito medo de ser chato. Acho que é porquê sei que sou um.
E é claro que sei porquê sou: por ser repetitivo, por ser limitado, por ser teimoso...
Basta observar por aqui: quantas vezes repito as mesmas palavras, as mesmas ideias, os mesmo conceitos, as mesmas lições. Sou repetitivo, limitado, teimoso... Sou um professor de mim mesmo, reprovando-me por vários anos letivos. E é claro que o aluno tem total responsabilidade! Enfim, não há como não ser chato!
E ser chato é muito... chato.
A repetitividade e a limitação ainda tem justificativas: não tenho tido muitas oportunidades de renovar minhas ideias num nível mais dinâmico, objetivo e animado. Pra ser sincero, não tenho tido nenhuma oportunidade. Atualmente, minhas ideias são tão individualistas, tão íntimas... que não hão -tá certo, isso? hão?- como não serem chatas. Têm interesse apenas pra mim, obviamente. E se só tem interesse pessoal, são digamos, desinteressantes.
Tenho saudade dos tempos em que eu podia dividir minhas 'riquezas' com pessoas mais próximas, de carne e osso, tangíveis além daqui. Mas a vida é um caminho feito e cada um segue o seu. Eu sigo o meu. Sigo a realidade que me foi reservada. De certo, uma realidade limitada e repetitiva...
No auge das minhas possibilidades, eu buscava sempre o destaque: era o melhor do time, o artista da turma, o líder do Counter Strike, o engraçado da galera, o que faz tudo beirando a perfeição, o inteligente e cheio de graça, o das frases de efeito... Então, todo mundo sempre ficava esperando algo além do 'carinha que tentava impressionar'... Uma piada pra fechar a rodada, a ideia mais criativa pra festa... Enfim, tudo em nome de uma vaidade três vezes maior que o meu próprio tamanho.
Aí, as -antes- fartas oportunidades começam a se esgotar, o tempo vai passando. É verdade que muitas dessas oportunidades nem eram tão oportunas assim, nem tão úteis e indispensáveis também... Mas elas vão sumindo, sumindo... E chega o tempo em que não dá mais pra ser o maioral. Os amigos tomam seus rumos. As piadas acabam, o joelho estoura, a miopia te vence e as frases de efeito viram gigantescos textos de autoajuda... Aí você percebe que está ficando velho e chato.
Fala sério! É mentira! Segundo os mais sinceros, sempre fui um velho-chato... desde criança. Até em fóruns futebolísticos, meu apelido é Velho Chato.
Mas eu evoluí! Hoje, sou um velho-quase-jovem-quase-corôa... sem deixar de ser chato, é claro.
Cheguei no tempo em que só os ouvidos desavisados paravam perto de mim! Engraçado que cada vez menos eu encontrava espaço para ser chato. Fui me calando, me fechando... Eu estava quase curado quando -maldito aquele dia!- em que descobri que poderia continuar exercendo minha chatice no espaço passivo desse blog. E a chatice voltou com tudo. E quanto mais eu me estudo e me descubro, mais chato sinto que fico. Quero mostrar pra todo mundo as mais fantásticas descobertas que fiz... sobre mim. 'Que interessante'...
Aconteceu recentemente: estava conversando com uma doçura adorável e comentávamos sobre amigos sutilmente chatos quando, do nada, me pego... sendo chato! Lamentável!
Eu bem que tento domar minha teimosia e me vigiar... Mas em dois tempos, estou novamente lá, tentando filosofar sobre a vida, sobre meus conceitos, sobre as mesmas lições de sempre, sobre os meus compromissos familiares... Tentando dividir novamente minhas 'riquezas', em qualquer lugar, com qualquer pessoa que cruzar meu caminho. Chato como um vendedor de rifas bêbado!
Que chato!

4 comentários:

  1. Tu tá te achando chato e tem esse direito.

    Pra mim o conceito de chatice é bem outro, viu, Flávio?

    As minhas ideias íntimas são tudo o que alimenta meu blog, portanto sou suspeita pra dizer o quanto acho esse universo rico.

    "Hão" tá certo sim, repara : http://www.conjuga-me.net/verbo-haver

    Um beijo.

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  2. E qual é o seu conceito, Luna? Diga-me, moça!
    Vai que eu descubro que não sou tão chato assim por algum outro ponto de vista?
    (E obrigado pela mostra da conjugação.)
    Beijocas!

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  3. Gente chata é gente insistente, invasiva, que impõe a sua presença, que se acha dona da razão, que se promove sem ter mérito, que não sabe o que significa modéstia, que não respeita os limites alheios...Nossa, a lista é imensa.

    O que tu descreveu nesse post pra mim passa longe da chatice.

    É isso.

    Beijinhos.

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  4. Ah, um outro nível de chatice... Superior, digamos. Tipo "mala sem alça e sem noção".
    Entendi.
    Beijo!

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