12 de fev. de 2011

Devo, não nego... e preciso pagar imediatamente...

(...)
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
(...)
........
Talvez você não saiba, mas eu não me perdôo.
E daqui, saiba que sei exatamente o turbilhão de questionamentos e sentimentos que te perturbarão talvez para sempre, ao qual te submeti insanamente.
E é por isso mesmo que não consigo me perdoar...
Muito menos não há como te pedir perdão. Não há como querer -e merecer- o tal alívio no peito com que tanto sonho a todo instante. Alívio que já tive, mas que não o reconhecia.
Simplesmente, não mereço mais consideração.
A devastação foi demais para todos nós. Tantos ferimentos, tanta dor.
Mas sabe que ainda assim eu agradeço a Deus por Ele ter me derrubado o disfarce que me fazia dono de meias verdades? Minha face antes oculta, finalmente mostrou toda sua escuridão. Um lado que nem eu conhecia. Juro...
Tivesse eu servido de joguete, sendo fascinado e levado... Não importa: o responsável pelas ações injustificáveis fui eu mesmo.
O terror da minha surpresa só não deve ter sido maior que o da minha intenção.
Deus do céu... como você suporta tudo nesse silêncio, nessa preservação?
E tive que finalmente ver o necessário, senão o essencial para me desfazer da hipocrisia. De removê-la, tão entranhada na minha alma.
Foi a hora do tudo ou nada. Até o momento, mesmo que me desfazendo aos poucos -e de forma sincera- dos 'vícios', ainda vejo que perdi muito mais do que poderia imaginar.
Mas a vida tira da destruição o recomeço, a transformação. Não estou conformado e sei que nunca estarei. A cicatriz do erro não me deixa esquecer... e nem é digna de exposição.
Andei tão cego que até minha consciência se turvou.
Me tornei um ser abominável, ceifador de sonhos e de esperanças... fiz de tudo o que tinha de valor, lixo.
Mas antes ser desmascarado e despertar em meio à dor, que ser ainda mais vil.
Aí, nem eu mesmo sobreviveria a mim...
O sonho acabou num pesadelo.
Continuo aos cacos, entre escombros desde o dia em que tudo se revelou. Num esforço que parece infinito. Num força que parece ser gasta inutilmente. Na tentativa de largar o fundo do poço, de deixar de ser o obstáculo de outrora e me transformar em algum degrau mínimo, mesmo que vacilante.
Não me perdôo porquê sei que não mereço, porquê sei o que fiz, porquê sei o quanto sofre cada um.
E mesmo quando finjo sorrir, não me sinto à vontade, por não me encontrar merecedor.
Agora apenas tento, tento e tento... ser apenas o que realmente sou.
Com todas as dores que me cabem, com todos os pesos e pendores que me pertencem.
Sem lamuriar injustamente e sabendo que merecerei cada açoite que a vida venha me servir desde então. Não tenho medo. Tenho é ansiedade por isso.
Assim espero, como modo mínimo de recomeçar algum dia do zero. Ou mesmo em outra vida.
Humildemente, sinceramente.
.......
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

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