18 de jul. de 2010

Homossexualismo, direitos, deveres, religião...


A Argentina é o primeiro país sul-americano à legalizar a união entre homossexuais.

Todo mundo sabe que o mundo caminha em sua evolução vagarosa, mas é importante saber que toda grande caminhada começa com um primeiro passo. Sem esse passo, os mais completos e perfeitos planejamentos não saem da teoria, não saltam do papel para a prática. É o exercício da atitude.
Pois bem. Antes de tudo, é bom identificar que a decisão tomada pela democracia argentina tem como primeiro e único objetivo, amparar os direitos civis dos homossexuais que decidirem seguir os caminhos da legalidade. Provando que, como humanos que são, tem tantos direitos e deveres quanto os heteros por razões óbvias.
Não! Não estão oficializando aberrações, nem abrindo as portas da devassidão como muitos consideram em absoluta ignorância, visto que ninguém 'vira' gay ou lésbica.
Logo, não será isso que desencadeará um movimento de transformação eventual dos heteros em homossexuais... No máximo, dará mais oportunidade de liberdade de expressão -voz- à quem vive escondido em sua intimidade, por conta da interpretação da sociedade -leia-se: medo, receio, inaceitação, preconceito... Isso, quando tudo já não se mistura antes.
Se ainda que assim venhamos a desconsiderar o fato de que a população hoje é muito maior que ontem, é completa falta de razão pensar que os homossexuais são mais numerosos simplesmente porquê o 'mundo está se perdendo'. O que há hoje é uma aceitação um pouco maior da sociedade e, consequentemente, uma liberdade que permite que as minorias -e algumas maiorias- marginalizadas pela opinião pública se apresentarem como realmente são. Acredito ainda que o que choca mais a sociedade perante os homossexuais é a imagem de promiscuidade a que alguns se entregam, como que desafiando o mundo sem qualquer medida racional, apenas pelo prazer de chocar. Assumem-se assim não apenas à margem da sociedade, como também aproveitando-se dessa 'auto-vitimização' e exclusão para se isentarem de limites e responsabilidades. Não é por aí... Isso não é ferramenta pra parte alguma. Levantar a bandeira do homossexualismo para esses fins é ignorar o sentido da conquista dos direitos iniciais.
Em muito, é claro que nossa sociedade se mantém na hipocrisia, achando ainda vantagem no fato de esconder dos olhos do mundo aqueles que não fazem parte do que é considerado 'padrão', 'normal'.
Realmente, não é uma relação comum. Mas a diferença entre não compartilhar dessas tendências e entrar no fator preconceitual é muito grande. Aliás, não tem nada a ver. Principalmente porquê o homossexualismo não é doença e nem mesmo opção sexual. Será que alguém escolheu nascer assim? Tenho quase certeza absoluta de que se a conduta sexual fosse passiva de escolha, quem escolheria correr o risco de ser vítima de preconceitos e de sofrer o que muitos sofrem por conta disso?
É muito triste ainda existirem pessoas que identifiquem a causa do homossexualismo como 'falta de vergonha', desconsiderando até mesmo os traumas que também podem levar um humano à essa estrada... são casos mais raros, mas existem.
As causas do homossexualismo são mais profundas do que a ciência atual pode atingir. Falam de genética e outras coisas, mas essas, não são causas, apenas efeitos. São especulações e nada além... Quer dizer, até existe uma causa -bem definida por sinal, de outra ordem que não apenas científica, mas não são todos que admitem... por mais lógica que seja.
Eu só acho realmente engraçado -e curioso- é a importância que dão ao peso da opinião das religiões ao assunto... Lógico que não há porquê realizar casamentos religiosos... Basta a oficialização da união perante as leis do país, para assegurar todos os direitos e deveres de quem casa. O resto é mero simbolismo.
O mal da religião é querer fazer da sua opinião, a opinião de Deus. E no fundo, o certo seria justamente o contrário...
Não satisfeita em se auto-entitular representante do Divino, quer se equivaler à Ele... Fora o fato de cada uma, puxar Deus pro seu lado...
Logo, não entendo o estarrecimento dos religiosos, como se consequentemente, o próximo passo seria 'ter que aceitar realizar o matrimônio homossexual religioso'.
Que aprendam que a religão é apenas um dos muitos caminhos que o homem tem de se conhecer à Deus. Isso se ele achar necessário seguir por alguma religião para tal. Cada um sabe dos seus meios e momentos pra alcançá-Lo. Acreditando Nele ou não, tenho certeza de que Deus, em sua perfeição máxima, não está muito preocupado com isso... 'Quem quiser que acredite', pode ser a máxima Dele...
E quantos estão dizendo que SIM com a boca enquanto seus corações dizem que NÃO... esses sim, devem incomodá-Lo...
O mesmo certamente pode ser direcionado aos homossexuais... E pergunto mais uma vez: caráter e integridade tem sexo definido? Não.
A lei argentina deve assegurar aos homossexuais que vivem em uma relação duradoura e íntegra -entre outras coisas- os direitos de quem acumula patrimônios, bens. Certamente, prevendo o que acontece muito por aí, quando a própria família exclui o homossexual de seu seio. Nessas condições, o indivíduo que oficializa sua união perante a legislação, fica automaticamente amparado -em caso do falecimento do parceiro, tendo direito aos bens da comunhão. Antes, aconteceu de muitas famílias simplesmente assumirem toda a herança material do falecido, visto que o preconceito não atinge os bens do indivíduo antes renegado, claro...
Outro lado da lei permite a facilitação nos processos de adoção... Na minha opnião, algo muito mais complexo e que deverá dar trabalho pra se construir as diretrizes, pois está mexendo diretamente com conceitos familiares padronizados pela sociedade e praticamente natos aos seres humanos... Vamos ver... Devemos lembrar que em sua maioria, serão crianças em tenra idade, à procura de figuras masculinas e femininas bem definidas para sua estruturação humana.
De resto, o respeito que devemos exigir dos homossexuais e bissexuais é o mesmo que o dos heterossexuais. Como vivem entre uma maioria heterossexual é normal que a mesma se choque com certas situações. Melhor maneirar, evitar o confronto, sutilizar, suavizar as coisas...
Como já foi algum dia -e às vezes, ainda é- chocante para a sociedade a união entre negros e brancos...
Muitas pessoas abusam da liberdade conquistada, é verdade. Num lugar público, haver duas pessoas do mesmo sexo se beijando pode ser tão chocante quanto dois heteros fazendo sexo... Devemos respeitar os limites de cada um. Temos direitos e deveres em tudo.
E ainda assim, como que assistindo televisão, temos também a opção de trocar de canal... Não será o fato de saber que a união oficial entre homossexuais é possível, que fará essa ou aquela pessoa deixar de ser hetero... à não ser que a mesma já seja. Nesse caso, o despertar ocorrerá cedo ou tarde, com ou sem motivo aparente... será apenas mais um efeito.
Vamos aprender a definir bem o que é 'causa' e o que é 'efeito' na vida... e já será um bom começo.

Um comentário:

  1. Cabe a Deus julgar quem de nós está fazendo o certo e o errado, sendo assim, apenas respeitar a decisão, a escolha e a vontade de cada um, seja lá por qual opção sexual for, já é o bastante. Estou cansada de tanta hipocrisia, de ver uma roda de pessoas criticando homossexuais e logo após acharem uma delícia duas mulheres juntas. De me verem passando com a minha namorada na rua de mãos dadas e dizerem que é um desperdício, eu bem sei o que faço da minha vida e acredite, dela não tenho desperdiçado nada.

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