28 de mai. de 2010

O Choque da Realidade

Se não tiver fôlego, melhor nem ler. Se não tiver estômago, pare aqui e não reflita mais.
Se quiser uma desventura, segue pra dentro... bem dentro.
Vamos mergulhar bem fundo? No mais profundo e denso mar? No mais desconhecido subterrâneo? Vamos ultrapassar camadas de falsos realismos, de aparentes certezas e disfarçados reconhecimentos?
Vamos mergulhar dentro de nós? Muito mais que o que desejamos ver e pensar...
Imagine que certamente você não é o que apresenta nem mesmo a si. Que você é exatamente aquilo que não assume, mas que no fundo, sabe que é. Todo mundo sabe de si...
Engana-se tanto, maquila tudo, some com os rastros... mas de você, não some. Não consegue. Podem jamais te descobrirem, mas você nunca esquecerá o caminho das suas entranhas.
Mesmo que segredo seguro, seja aquele que só um sabe... De nada adianta, diante da sua consciência. Você reflete consigo mesmo, e percebe que já não é só um, pois que refletir é isso, é perguntar e responder... É concluir ou não. Mas aí já são dois num só.
E é aí que o perigo se concretiza. É aí que muitos se encontram com suas máximas realidades. Você é exatamente esse monte de mesquinharias, de bandeiras encardidas, de tentativas frustradas de ser o que lá em cima, tenta mostrar que é.
Até porquê não é nada fácil ser realmente alguma coisa que o valha a tentativa. E como não consegue, pelo menos aparenta ser. Suas convicções são puros disfarces do que aspira. Estar é muito mais difícil que ser.
Como plantar sementes de mudanças, se nem a terra do seu coração se encontra em condições para recebê-las? O trabalho pesado da aragem... quem quer realizá-lo?
Todo dia, a todo instante, a cada pensamento, a cada palavra... quem o faz?
Queremos logo resultados... queremos imediatamente aparências.
Tanto que nos ofendemos com 'mentiras', que nos entristecemos com decepções... tudo na expectativa de sermos reconhecidos por aqueles a quem mais devemos...
Não conseguimos nem nos abraçar, nos aceitar na realidade e já pensamos em abraçar o mundo... Pobre mundo...
Somos tão fracos em nós e exigimos perfeições. Sempre.
Seria tão mais fácil ser tudo num estalar mágico de dedos, não é verdade?... mas nos machucamos porquê apenas estamos.
E mal concluimos o que queremos, e já nos enganamos, pensando que temos.
Agora, chega. Se deixe flutuar de volta a superfície rasa da sua vida. Essa que apresenta a todos, essa que até você acredita ser a sua realidade. Respira de novo o ar das aparências, do orgulho e da vaidade... A superfície é assim mesmo: superficial.
Por enquanto, ela ainda lhe pesa menos que a consciência.
Mas não desperte, continue sonhando, fugindo de você mesmo. Até onde conseguir...

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