10 de mar. de 2010

Sou eu exatamente agora

Me reservo às palavras e às madrugadas.
Nas letras, sigo tentando a tradução das minhas dores,
dos meus sentimentos.
Esperando um dia, o ponto final do texto,
a página virada da vida...
Vou chorando as perdas a que me submeti.
Sorrindo da minha própria desgraça...
Entre o travesseiro que abafa o soluço,
e o lençol que absorve a lágrima.
Lá fora, a noite que já vai alta.
Eu vivo assim: saio de mim, vou a varanda e volto.
Tudo muito limitado, muito preso, emperrado mesmo...
Como que dando os primeiros passos novamente.
Vacilando na coragem,
na dúvida de ser realmente a hora de partir, de seguir novas trilhas...
Meus pesos não são bagagens, definitivamente.
Fora que ainda agarro as idéias, os livros, o trabalho...
e com eles, tento secar o suor das lembranças difíceis...
É perseguidor que não se cansa...
Eu facilito...
Não me desvencilho: sou gado marcado na testa.
Arrastando ainda pedras do caminho, um tanto desastrado.
Não tem jeito!
Preciso muito estancar o líquido que me enferruja os passos...
Enquanto isso, sigo aqui e ali:
entre o lápis e a cama.
Meio sem pé nem cabeça...
Mas absolutamente compreensível... pra mim.

2 comentários:

  1. Tempo, tempo, tempo, tempo... És um dos deuses mais lindos.

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  2. É bom andar pela casa e, a cada passo, descobrir mais de si mesmo. Espero que tenha sucesso.

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