27 de mar. de 2010

Do Belo que Agoniza

Vive como tesouro que não se reconhece
Que não sabe o próprio valor
Humilde, de baixo da folha seca no chão
Dos montes de folhas que caem todo outono
Mais uma bela nuvem entre todas
No degradê laranja-lilás do anoitecer da estação
Ou na beleza do conjuto da revoada de andorinhas
Por muitas vezes, o calor que dizem infernal
E a brisa fresca - fora da praia- é lenda
Na simplicidade de qualquer perfeição
Que muito menos palavras difíceis conseguiriam representar
Como que a emocionar -sabe-se lá como- os olhos do cego
E o coração dos mal amados e amadores
A aquecer a pele das almas mais friorentas
E o estômgado dos famintos de sentidos
Por fim, a aceitar qualquer desaventurado de fora
Como qualquer filho conterrâneo e consanguíneo
(esses últimos, até ingratos)
Apaixona a todos, pela eternidade dos seus contrastes
E espera que o agressor de hoje, destile do veneno, o soro carinhoso de amanhã
É uma bela confusão, de cores, luzes e sentidos
Mas é sóbrio sim, e respira sem a ajuda de aparelhos
Lutando quase que sozinho para manter-se vivo
Sem qualquer analgésico ou plástica estética que seja
Mostra-se na cicatriz da linha do horizonte
Que divide precisamente o abstrato do homem, do verde concreto
É a prova máxima de que Deus é também paisagista
E que aos olhos da Sua arte, nada escapa
Nem mesmo o esquecido subúrbio do Rio
De Janeiro

Um comentário:

  1. Li este texto e confesso que, por um momento, quis ser eu a retratada. Ou, que não isso, quis ser eu o subúrbio do Rio (que de fato encanta... pelas histórias, pelas pessoas, por ser acolhedor)

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