23 de jan. de 2010

Aparências

Não se iluda comigo.
Não com o riso tímido que me escapa.
Ou com o cantarolar discreto.
Nem com o caminhar aparentemente despreocupado pelas ruas.
Muito menos com os carinhos fraternos que eu venha a trocar...
É que entre a escuridão da noite longa, já percebo -por vezes- a luz do dia que virá.
Ainda é fraca, mas sinto.
E também o calor do sol me aquecendo a pele.
Mas nem que ele venha com todo seu explendor de poder, eu vou apagar a penumbra.
Nem vou esquecer a mancha do ato.
Menos ainda, maquiar a brecha da ferida, a deformidade da recaída.
O sorriso que verá, apenas esconde a lágrima de sempre.
O canto que eu cantar disfarçará o grito de dor - eternamente presente em minh'alma.
Os passos que darei à frente são para não mais tropeçar nos erros do passado.
Os abraços que troco são apenas para fortalecer um novo ser nesse novo reinício.
A vida que à partir de então eu viver é pra apagar a hora da morte de outrora.
Quero deixar a lama pra trás e aproveitar a chuva pra limpar o que pode ser limpo.
Chega de cair, de desabar, de se fazer de escombros, de ser obstáculo e de derrubar.
Vou querer plantar bem no fundo do coração a semente sincera da mudança.
Pedindo sempre a incapacidade de me julgar mais ou melhor que qualquer um.
Sem falsa modéstia e sem segundas intenções macomunadas.
Querendo apenas o reconhecimento de Deus nas minhas grandes lutas e pequenas vitórias.
Querer ser ferramenta humilde -de verdade- nas mãos de quem souber trabalhar de maneira nobre.
Eu continuo aqui.
Não há como fugir.
Ainda triste, é verdade.
Mas começando a despertar pra necessidade de se fazer a diferença.
Saiba só que o que aconteceu está lá.
Não acabou.
Não passou.
Não é tão simples assim.
Mas eu preciso crescer.
E trabalhar pra poder tentar pagar o que eu devo.
E eu, sempre, sempre vou fazer só o que me resta desde então: rezar por todos.

2 comentários:

  1. O verdadeiro poeta é aquele que ainda não se encontrou, não tem vergonha de admitir isso, e escreve no intuito de se achar, de ser, se não melhor, mais de si mesmo.

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