6 de dez. de 2009

Entendamos

O que se esconde por de trás de um sorriso? E por de trás de uma formalidade, de um 'tudo bem'?
Quanta dor se guarda na porta trancada da casa ao lado, ou ainda fechada dentro de um coração?
Ninguém sabe, ninguém ouve ou vê, muito menos sente. Chegamos perto, mas apenas indiretamente.
A dor pode não escapar dos olhos, não ser perceptível no tom de voz ou no tremor das mãos, mas pode transbordar hemorrágica dentro do peito. Que não subestimemos o que pode sentir o outro, seja ele o que for. É muito mais fácil 'concluirmos que', 'advinharmos que'... que estarmos dentro do outro. Queremos sempre um raciocínio que não se debata contra a nossa lógica. Nem sempre é possível encontrá-lo na psicologia comum da vida.
Respeitemos o espaço dele, suas dores, seus pedidos. Nos limitemos a observar indefinidamente, a compreender infinitamente. Que não concordemos até, mas que não julguemos, não exijamos, não 'ultrapassemos' a área delimitada. Mesmo com o pisar cuidadoso, podemos agravar a ferida que ainda não enxergamos.
Não julguemos para não sermos julgados também. Para um, a vida é um livro, para outro, uma enciclopédia, para aquele, um satélite, e para este, um universo. Cada página deve ser respeitada, cada órbita também. Por vezes, a escuridão é necessária para enxergarmos a beleza brilhosa das estrelas.
Não precisamos de pura lógica ou concretismo para acreditar que a dor existe num local. Ela está lá, pronto.
Cabe à nós respeitá-la e só.
Amemo-nos assim.

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