30 de ago. de 2014

No invisível


Alguém que altera a frequência do próprio coração quando você passa ou chega.
Alguém que se encanta com a reverberação de qualquer gesto menos pretensioso que parta de ti ao ar.
Que se preciso for, no momento ideal e em seus próprios braços, te salvará do ladrão, do abusado, ou do carro que passa rente ao meio fio.
Na portaria do teu prédio, na banca de jornal, no ponto de ônibus, no supermercado, nas estações, nos coletivos, no escritório, discreto num canto do agito, na rede social, na ciclovia...
Um dito amigo, um colega, um conhecido, um desconhecido, um invisível...
Em algum lugar há um alguém à espreita da sua presença, vivendo de esperança, da luz do teu sorriso, do imaginário perfume da tua alma, contagiado por ti.
Quando não, em cada canto um espectador, um seguidor do teu desfilar.
Que vive em silêncio, de planos, esperando o momento certo de chegar em você - que nunca chega.
Mas basta um olhar teu para que este alguém ganhe o dia, a semana, o mês, a eterna lembrança de ter passado pelos teus olhos.
E assim, renovam-se os votos, sua devoção, sua crença.
"Um dia..."
Chame do que quiser: cara estranho, covarde, tímido, romântico...
Até já acostumado com a possibilidade de jamais lhe ter, mas sempre sonhador disso acontecer.
É um pobre diabo que vive de sonhar com o dia em que irás percebê-lo, reconhecendo toda admiração que dele emana na tua direção.
Todo sinal de feminilidade que te concedes é admirado por alguém.
As unhas feitas, o cabelo arrumado de cada dia, a boca pintada, o sacrifício do exercício...
O tempo em que te dedicas na frente do espelho, não é em vão.
Não penses que passas despercebida por aí...

2 comentários:

  1. Me tornando uma apreciadora da tua escrita!!
    Parabéns por mais um texto!!

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    1. Só tenho a agradecer pela sua paciência e boa vontade, Élida.
      Um grande abraço!

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