19 de jan. de 2014

A Flor e o Leão

Thaís Gulin e Chico Buarque: sabem do que eu falo...
Entre a falta de tempo e a rotina puxada, achei um espaço nessa tarde de domingo pra baixar o nível da represa de meu coração.
E começo já tentando escrever o que você não conseguiu entender quando eu falei.
Queria que você compreendesse o porquê de eu não poder dizer que amo. É que fazer isso não seria verdade. Mas não pense que não sinto o suficiente por ti. É que nós todos aprendemos desde cedo a usar o amor de forma incorreta. E com o tempo passado, a coisa foi ficando cada vez pior.
Não posso e não vou dizer que amo, ainda.
Não temos juntos tempo e nem circunstâncias suficientes pra isso.
O amor será considerado com a soma do respeito que eu sustentar, com a compreensão e a tolerância por você. Com o carinho, dividindo bons e maus momentos. Independente se você atingir os mesmos objetivos por mim.
O amor que você anda me exigindo proclamar nas nossas horas mais cruciais é coisa que só Deus pode testemunhar e confirmar. Não basta-me dizer. Não se resume a você ouvir. A não ser que você queira continuar lendo-o de maneira equivocada, novelística.
Não lhe amo. Mas ando completamente apaixonado.
E paixão, acredito eu, que seja justamente o que você quer porquê quer que eu rotule como amor. Amor é intangível, paixão não.
A minha paixão é essa vontade de te ter por perto o tempo todo, de preferência nos meus braços. Paixão é essa contagem de segundos intermináveis na minha cabeça, acompanhada de uma reza para que logo eu possa vê-la. Paixão é vê-la chegar e ser tomado por essa emoção indescritível, que me faz sorrir como um menino e babar como um bebê. É querer você de todas as formas, em todos os sentidos, ouvindo sua voz, sentindo seu toque, sua pele, seu calor, seu sabor, seu cheiro, seu perfume... observando seus sorrisos, seus gestos, seus olhares.
Paixão...
Mas por uma troca de palavras, você acredita que não gosto tanto de você quanto você de mim. O que eu duvido muito.
...
É dura a vida de um velho leão, com moscas pousando-lhe as orelhas, que vive mais de lendas que de testemunhas verídicas, quando se depara com uma flor cheia de força, vida, energia, jovem de fazer doer qualquer insegurança, com dezenas de beija-flores a lhe cortejar.
Difícil...
E essa agonia de manter firme minha autenticidade -pra não fazer como todos os beija-flores de então, lhe dizendo obviedades que você já sabe, todos os dias- cansa. Minha idade já não me permite mais essas tensões.
Não sou inconquistável como você diz. Mas há um medo em mim que diz que se você souber o quanto estou em suas mãos, perco a graça e perco você.
Mas tudo pela sensação de você me procurar, me querer do seu lado nos momentos mais preciosos.
Aliás, tinha tempo que eu não sentia tamanha importância, mas aí você ligou pra mim naquele instante tão importante pra você...
...
A minha pele é de limão.
A pele dela é de pêssego.
O meu cabelo ficou cinza sem eu querer.
O cabelo dela muda de cor por juventude.
Só quero ficar quieto.
Ela não para um minuto sequer.
Tem uma semana que não saio de casa.
Ela viajou duas vezes semana passada.
O que ela quer comigo, com alguém assim?
Brinco sério, querendo saber por que ela não seduz alguém do tamanho dela...
E ela pinta a boca e sai sorrindo, sem me responder.
(Ah, como eu gosto de você...)
...
Vivendo estes momentos, tenho me sentido -às devidas proporções- meio Chico, meio Bukowski...

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