26 de nov. de 2012

Faz de conta


Quando, sem outra alternativa ou iniciativa imediata, o que nos resta é assumir integralmente uma responsabilidade, aliviam-se os que pela consciência são convocados mas que pelo egoísmo decidem esquivar-se de qualquer compromisso fora dos planos. Alegam importâncias maiores, realizações irrevogáveis, justificativas das mais superiores. (Como se quem tomou as rédeas também não possuísse outras importâncias, sonhos e projetos.)
Não lhes importa. A verdade mais uma vez, é que poucos de nós aceitamos (de boa vontade) responsabilidades que fogem do nosso interesse mais imediato. Ainda que estas, de forma dividida, tornem-se menos pesadas e assim, bem possíveis de serem assumidas.  Já escrevi noutra vez sobre a mesma questão.
Mas, talvez ao contrário até do ideal, nem por isso esses companheiros abrem mão totalmente de suas ações. Permanecem nos arredores, em sustentação de algum interesse disfarçado de preocupação, desejando manter ainda participação em decisões e diretrizes, mas apenas quando bem lhes convir.
E chegam até mesmo -depois que enxergam um destaque inexistente- a invejar não a tarefa, mas sim o tal pretensioso destaque. Se isto -esta evidenciação- ocorre mesmo, é reflexo do sacrifício daquele único que se dispôs a servir por absoluta falta de saída. Desejar o prestígio do cargo e desconsiderar a importância do encargo é o que fazem comumente.
De cara, ninguém quer arregaçar as mangas e por a mão na massa. Depois, sem sequer conhecer a rotina do serviço ao qual se esquivaram, se sentem permanentemente no direito de opinar, criticar e apontar defeitos. Fora ainda, de não respeitar rotinas e o pior: de fazer promessas de um dia poder ajudar. Quanta incoerência e falta de sensibilidade...
Desagradável sem dúvida é, segundo sua perspectiva distante, a desvalorização do trabalho alheio. Isso quando não creem até em demagogia, medindo maldosamente o mundo por suas próprias medidas.
...
O que resta? Continuar trabalhando como antes, ouvindo apenas a sincera voz da consciência.
Nada mais.

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