3 de jun. de 2012

Era amor?


O amor na verdade não cabe numa palavra.
E se cabe, é porquê ainda tem quem só se conforme se lê-lo ou ouví-lo.
É porque tem quem não o perceba ou não se contente em recebê-lo silencioso, e se deixe levar pela insegurança, já que também não sabe sentí-lo.
Aí sim, preciso foi que o identificassem, que ele fizesse barulho, que tivesse nome... e o prenderam então numa palavra curta.
Depois disso, passaram a dizer que o amor é algo banalizado.
Pronto, já confundiram o sentimento com a palavra, dita a três por quatro em todo canto. Como fazem há muito tempo com o amor e a paixão, o amor e o sexo, ou o amor e o encanto...
Mas amor mesmo, sublime, é sentimento tão elevado que por isso mesmo está longe da grande maioria.
E a minoria que dele se aproxima, só sente um perfume distante, ainda muito condicionado, confuso.
Já sua palavra está ao alcance de todos...
Dizer que ama, todos podem dizer.
Mas e amar?
Por isso engana a quem só acredita no que dele lê ou ouve.
Falta confiança àquilo que seu coração sente mas que não pode tocar fisicamente, prender.
O amor não é para ser emitido em forma cobrança de um lado e creditado como investimento do outro, mas é assim que todo mundo faz, erra, repete e se compraz.
É nesse momento que a frustração aparece, a decepção dá as caras.
Mas a culpa é justamente de quem faz questão de pensar que palavrear o amor é exatamente o mesmo que amar.
Amor sincero não é interesse em receber, em reconhecimento... é só sentir e nada mais.
O amor é sentimento de origem ainda desconhecida, mas das suas consequências todo mundo sabe bem.
Ele não é -por não dever ser- argumento ou justificativa de nada.
É apenas a conclusão dos fatos.
...
Noutro dia ouvi lamúrias de um dito amor que terminou com uma grande decepção.
Porque haviam dito que lhe amavam. Palavras... Palavras...
"Mas o conhecia há tempos"... E daí? (Eu mesmo, que pensava me conhecer há trinta e tantos anos, já me vi desconhecido recentemente diante dos meus atos... Que dirá quem está de fora!)
Antes tivesse identificado que tipo de "amor" era esse... Mas não. Preferiu acreditar no que saía da boca de alguém, junto de carinhos e algumas migalhas de momentos juntos. (E o tal alguém não precisa ser vilão. Pode também ter se enganado...)
Porque além de pensar no que se diz, pensar também no que se ouve dá trabalho. Mais fácil é cuspir o que nos vem à cabeça, jorrar nossas ignorâncias por aí, e acreditar em tudo que nos dizem, levar o que nos for conveniente ao pé da letra... e foda-se o depois... (Pra não falar daquelas expressões tipicamente irracionais, falsamente feministas, e que por isso mesmo não dizem ou resolvem coisa alguma: "-Homens"...)
Não. O amor de verdade não nasce do nada. E o "nada" não é nem mesmo alguns bons anos de admiração contida, platônica. Ou o amor não morreria assim por qualquer coisa.
Não era amor o que você acreditou.
Era a sua carência que te deixou cego, por sua conveniência.
O pessoal anda se preocupando mais em expor imediatamente nos facebooks da vida que mudou seu status de relacionamento para colher comentários e curtições, gerar inveja e cobiça dos inimigos (que fazem parte da sua rede de amigos), do que em esperar as coisas acontecerem com mais discernimento e coerência. Mas por que agem assim? Porque não têm nem discernimento e nem coerência.
Aí, uma "grande decepção" acontece e o "grande amor" acaba. E vira um grande dramalhão mexicano. (Não menos também imediatamente exposto na rede.)
...
Ser amado não é ouvir que nos amam.
O amor, a gente olha de fora, o identifica sob nossos parâmetros, define "sou amado", e fim de papo.

4 comentários:

  1. Amor não é causa nem consequência, apenas acontece. Toda essa coisa de sentimento é muito relativa.

    Eu acredito que o amor mesmo seja incondicional, e mesmo quando não dito ainda existe. É um sentimento que existe independente de qualquer palavra. Afinal, palavras não concretizam absolutamente nada. Em certos casos expõe algo profundo, mas não criam nada.

    Beijo!

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    1. Monique, exatamente nessa relatividade que o povo se enrola e arrasta a confusão.
      Tem uma música que diz assim:
      "Pra ser amor
      Tinha que ser mais forte do que nós
      Ser companhia quando estamos sós
      Ser invisivel e abrasador

      Pra ser amor
      Tinha que haver bem mais compreensão
      Tinha que ser maior do que a razão
      Ser imbatível como um vencedor"(...)
      ...
      Beijo!

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  2. "O amor na verdade não cabe numa palavra."


    Gostei muito disso... =D

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    1. Grande Patrick! Como vai, meu camarada?
      Tá sumido, heim?
      Obrigado pela presença ilustre.
      Grande abraço!

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