21 de jun. de 2011

Primeiro Amor: talvez o mais puro.

Eu lembro de uma época que passou...
Naquele tempo, tudo era você e eu. Sem maldades, sem além. Onde o que me realizava era pegar sua mão, beijar seu rosto fresco, enxugar seu suor, acariciar seus cabelos lindamente desalinhados. Te proteger a todo custo... mesmo que de mim.
Me bastava fazer parte do seu mundo, mesmo me sentindo inseguro dentro dele, na sua incerteza, morrer de ciúmes... em silêncio. Talvez essa sensação fosse uma premonição de que o tempo ao seu lado teria limite. E se eu torcia para o tempo passar, era apenas pra te ver de novo.
Tudo valia para estar dentro do seu olhar iluminado e colorido, admirar sua meiguice ingênua, pura... Reconhecer sua majestosa humildade.
Era um tempo em que só lembrar de você, já me trazia um bem estar inenarrável.
Sem saber, com seu jeito, você me forjou preferências, gostos e buscas que passaram a me acompanhar desde então, e certamente, para toda eternidade. Sem dúvida, você me definiu.
Dentro daquele estado de ingenuidade e entrega absoluta, tenho certeza de que se algum dia amei alguém, foi naquele tempo. E que se amei alguém em algum tempo, foi você.
Meu deleite era a sua procura, seu querer, te esperar, você chegar, ouvir suas confissões de menina sonhadora, ser o amigo, o namorado, fazer-me sentir ser o seu porto-seguro, em narrativas da sua doce e inesquecível voz.
Minha dor era toda partida. E quantas vezes esperei você ir embora pra chorar, sem saber se voltaria. Contigo, eu era completamente feliz. Quase um super-herói. Sem você, tudo parecia uma angústia só. O chão faltava. E eu voltava a ser um simples menino.
Você, na flor da idade, semente implorando cuidados... Não consegui ser o seu jardineiro, não tive braços suficientes.
Passou tão rápido... Você virou mulher, quis ganhar o mundo e tudo mudou entre nós. Num drama que nem ainda adolescente era, me senti uma ruína humana. E apesar de toda a dor daquele momento, hoje consigo rir (sem-graça) disso.
Dia desses, revi você. Escutei seu canto... Você, bem sei, se foi. Mas algo ficou.. ou voltou, não sei. Foi como achar uma caixa de boas recordações perdida no sótão. Relembrei muitas coisas esquecidas. E como há muito não acontecia, me senti vivo.
Eu sei! A juventude, ela passou. Em troca, veio um orgulho tão espesso que nunca mais foi possível atingir aquele nível de confiança com alguém.
Os caminhos se dividiram e a vida mudou. Você seguiu, eu meio que fiquei. Ou foi você que ficou, e eu que parti? Não sei bem.
Só sei que infelizmente aquele instante passou.
Mas sei também que felizmente comigo se passou.
Te cuida, meu bem...

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