22 de fev. de 2010

Liberdade Libertina

Será que aqueles que criaram grandes princípios ficaram satisfeitos com os meios e os fins que outros os deram? Será que aqueles que abriram estradas primitivas ficaram satisfeitos com os caminhos que estas tomaram no futuro?
Seria o progresso humano o desvirtuamento dos princípios?
Se não for, é melhor dar uma olhada no que estamos tomando por rumo...
Basta observar que a liberdade tão desejada do passado, perdeu o valor e passou a ser utilizada de forma desregrada e controversa. Conquistamos a liberdade do corpo, das palavras, das expressões e começamos a nos desequilibrar na caminhada. Maiores responsabilidades, mas a maturidade não acompanha...
Todo aquele que participa da libertação, sabe o preço devido que lhe cabe, assim como aquele que constrói um império a custo de muito trabalho honesto.
Mas e seus herdeiros? Saberão valorizar ao menos parcialmente o tesouro que lhes foi legado?
As mulheres que sofreram na penumbra do machismo saberão sempre quanto custa poder escolher a direção de seus próprios passos. Os homossexuais também -mesmo que as coisas ainda estejam se ajustando- se enquadram nessa questão...
Mas então, a liberdade sexual se referia a quê propriamente? Escolher seus parceiros pelo coração e/ou pela razão? Ou estaria enquadrada na liberdade de fazer o que bem entendesse com seu corpo, tendo-o livre dos limites sadios?
E a liberdade de expressão? Talvez, seus defensores estivessem interessados em apenas abrir a mente do povo de horizonte escravizado pelas celas do interesse político e sua paixão pela ignorância. Ou será que não? Que a expressão pudesse ser utilizada a torto, sem que fosse necessário qualquer um refletir sobre os efeitos diretos e colaterais de uma palavra impensada que cega, fere e até mesmo mata?
Um povo que vive na escuridão saberá dar mais valor à luz que o que já a tem, certamente.
Aquele que tem um deserto de grãos de ouro no lugar da areia, muito raramente conseguirá diferenciar um do outro seu valor.
Hoje, o que existe é uma grande inversão de valores. Todos acham que, se a maioria segue na direção errada, não há mais o que fazer. E pior: 'é hipócrita é aquele que luta contra isso'... Ser hipócrita é isso?
Precisamos continuar rindo de atos preconceituosos, achando absolutamente normal condutas sabidamente questionáveis, justificando nossas fraquezas, e tudo para o bem (?) da liberdade? Ou a liberdade é a culpada? Ou será que não fomos nós que a relegamos à libertinagem?
Justificamos o erro, disfarçamos a causa.

Um comentário:

  1. Repito para mim mesma diariamente: Liberdade não é libertinagem. Liberdade não é agir como os dominadores, e sim acabar com a lógica de dominação.

    ResponderExcluir