14 de jan. de 2012

Lamentar?

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"Que fim levou o amor?
Plantei um pé de flor, deu capim..."
(Capim)

É Djavan, surpreso com o fim de algo que parecia ser o previsível cultivo de um grande amor, mas que na hora "H", não passou de... capim. Fogo de palha?
Já se pegou questionando "que se deu?" -após algo de grande expectativa não vingar?
Onde foi parar aquela força, aquela energia toda que, muito provavelmente tinha sobras pra atravessar bons tempos?
Tinha mesmo?
Acho que a expectativa vai se tornando maior que a própria realidade, maior que a capacidade do sentimento, dos envolvidos -por mais dispostos que estejam sobre um mesmo objetivo.
A expectativa, nos cega parcialmente, nos faz seres desmedidos, nos faz relevar coisas que, por conta da nossa impulsividade, não acreditaríamos em condições normais.
"Expectativamos" -muitos de nós- sempre além do cabível. E de deliciosa ansiedade e espera, nasce um monstro, uma praga que devora a nossa tranquilidade do dia pra noite. Monstro exigente que só tem tamanho. Pois se desfaz com um simples afastar de convivência, com a falta da presença, da voz e do carinho.
Quando isso acontece, não tem jeito: percebe-se que o cultivo tinha hora determinada pra acontecer. E a colheita, sabe-se, é consequência. É tipo comida chique: deu tempo, deixou esfriar? O gosto apura demais, perdem-se as características e talvez a graça -segundo os paladares mais exigentes...
E o que antes, quente, temperado, flambado, parecia perfeito, quando morno, no máximo, se releva. Mais um pouco, por fim, requentado, não desce mais. Ou até desce, mas sem tanto prazer, sem tanta vontade. O sabor meio que se perde. Não sei explicar direito.
É recuperável? Talvez, quem sabe, porém, todavia, contudo... mais uma vez, não sei.
Aí a gente olha pros bolsos, e os vê ainda com algumas sementes implorando terreno. Porque é assim: a gente mesmo não assume o ato, a busca... "As sementes é que querem ser plantadas". Mas vamos na esperança de colher algo mais, sempre.
Que fazer? É justo se embrenhar pelos novos terrenos que surgem, pelos novos corações que nos sorriem? Talvez sim, mas queria antes, descobrir a verdade: em que momento as asas desapareceram e o chão retornou pra de baixo dos pés.
Pois o que foi plantado, parece que não vingou ou a estiagem queimou. Não veio a flor, veio capim. Ainda que perfumado de limão... mas apenas capim.

2 comentários:

  1. Esse capim, no lugar da flor, ou esta que naquele se transformou é a preparação para o reconhecimento da semente certa, a ser plantada no campo fértil, é o cultivo da sabedoria para identificar a hora de plantar. Todo capim tem seu valor a partir do momento que foi vislumbrado como uma flor. "Tudo o que foi vivido me preparou pra você..." (J. Vercilo)Lembra? Beijos meu querido!

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  2. Lembro sim, querida Ordália...
    Uma ótima sugestão de perspectiva!
    Obrigado!
    Beijocas!

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