24 de jan. de 2013

Questão de dizer, de verdade

Ah, hoje eu digo. Digo mesmo.
Digo o que sinto quando finalmente entendo o que está se definindo em mim. Ou mesmo quando encontro um traço mais claro de certeza do que sinto no coração.
Assumo meus desejos na cara-dura, mesmo que sejam só sentimentos ralos, rasos, superficiais. Assumo até se for apenas libido, avidez, sofreguidão -sensações nem um pouco nobres, se preciso. Porque pra início de conversa, muito sentimento distinto tem aí também o seu ponto de partida. Pra mim, é tão natural quanto considerar a inteligência um afrodisíaco.
Voltando ao assunto do disse me disse: a partir de então, não me imponho mais agonia, angústia, aflição e/ou ansiedade -desde que estejam na minha boca as devidas palavras sentidas.
Esse martírio todo é desnecessário e despende muita energia, gera expectativa e sofrimento excessivos.
E garanto que ninguém vai brincar comigo somente obtendo essas "valiosas informações", salvo se eu não estiver alerta. Porquê a gente pode até sofrer sim, pela frustração de as coisas não terem saído do jeito que esperávamos ou por decepção com a reação encontrada no outro lado, mas sofrer por virar joguete nas mãos de alguém?! É sério?! Só se... Bem, pode ser nossa opção também entrar numa furada mesmo que devidamente avisados...
O melhor mesmo é saber separar as coisas e identificar precisamente a causa do sofrimento que nós tanto tememos. Já se foi o tempo das vitimizações generalizadas, cegas. Muito menos, de entregar mais que sinceridades a quem já descobrimos não merecer. Quanto mais se entrega a quem não reconhece valor, mais se perde, mais se sofre.
Por isso nos últimos tempos, botei a cabeça pra funcionar, e cheguei à conclusão que dizendo -sendo sincero- teria muito mais bônus que ônus. Ajuntei a coragem essencial e passei a pescar sentimentos diretamente na boca do coração. Depois foi só palavrear e pronto. Quem nunca me viu esquivo como eu era pode até acreditar que sempre fui de abrir o verbo. Não mesmo.
Mas tem um detalhe: digo sim, desde que somente a quem é devido ouvir o que tenho a dizer. A verdade a quem merece, o silêncio a quem perece.
Agora eu abro o jogo, ponho as cartas na mesa. Seja pra plantar, colher, começar, seguir ou terminar. E não morri até hoje por isso. A raridade dos sentimentos expostos ainda desarma muita gente, faz cair os escudos, desnuda o distanciamento mais arrogante sem dó nem piedade. Vale à pena mesmo tal recurso.
Nessas circunstâncias, tenho colhido muito mais esclarecimentos que cultivado dúvidas. Tenho dormido e acordado melhor, voado e aterrizado mais confiante, ligado e desligado com mais facilidade. Numa expressão: tenho vivido esse embates com mais qualidade.
E se na hora da "grande revelação" não sentir firmeza no olhar do outro lado, se o gaguejar das afirmações ou negações for fugaz, se o sorriso apontar à soberba e a resposta for o silêncio frio... me basta tirar o time de campo, bater em retirada. Nessas horas, um pouco de perspicácia não faz mal a ninguém.
Assim, a porta da rua é à serventia da casa, eu sei. E quem sair por último que apague a luz.
Deixa lá, quem quiser acreditar que ganhou alguma coisa, que conseguiu a migalha necessária para inflar o próprio ego. Definitivamente competia sozinho em seu imaginário.
Chega de "vencedores" e "derrotados", de meias-palavras vazias de confiança, e de silêncios cheios de insegurança.
É tão simples ser claro.
Tão claro ser leve.
E tão leve ser livre...
Pena que quando a gente diz, quase ninguém acredita...
...
E muito obrigado mesmo, de coração, a quem age comigo na mesma e sincera moeda, independente do resultado que me traz.

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